domingo, 22 de janeiro de 2017

Fora do cobertor

Na chuva, ao redor da fogueira
Danço para o vento enquanto
Essas gotas me alagam
E me permitem transparecer, crua
Além de todo o encanto do fluir
Do som das gotas
Do cheiro de molhado
E deixam na pele
A sensação do esvoaçar ao se desfazer em movimento
Esse vento que envolve a mim em um abraço
Na direção do silêncio, agindo
Como uma manta
Mesmo na atmosfera das palavras encobertas
Pelos versos curtos
Ambíguos
Registrados na última folha, não lida
Até mesmo no prefácio pulado
Quando as gotas se foram, só passaram
E me deixaram aqui
No incerto abraço