sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Recordo

Nesse frio me deito
Me recordo de viver
Aqueço-me de histórias
Breves, não tantas quanto gostaria
De um abraço não dado
Não recebido por um ser humano que insiste em ter paixão
Antes de racionalizar o percebido
Que consiste em ser
Antes de estar contido
Submerso em si, fugindo de dragões
marginalizados
coitados, simbolizados para o baixo
não, não de dragões
de seres humanos
Refugiando-se na dispersa conjuntura
que és
e assim, simplesmente é
mais do que símbolos
mais do que paradigmas
Apenas palavras, olhares, escritos
pensamentos
lançados
em alto mar.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Rascunhos

Na hora a gente pode não perceber, mas algumas histórias se agregam a nós. Existem livros, filmes, músicas, que eu gostaria de abraçar e sentar para conversar. Existem textos, poesias, zilhões dessas coisas, com as quais gostaria de conviver as 24h de cada dia. Existem algumas poucas pessoas com as quais sinto isso.

Pequena

Deixe ser a profundeza do ser, da queda, da estadia na inquietação e no desânimo causados pela percepção do vazio nessa existência sem contexto. Com perspectivas falsas que utilizam o precioso imaginário para inventar uma vida, com a aceitação da nossa pequenez com alguns sorrisos, alegres com qualquer coisa, não com o simples, mas para esconder e tapar os buracos deixados pela percepção dos anseios e pela luta constante contra nossas limitações como seres inteligentes, porém humanos, imperfeitos: os dentes amarelam, a cabeça dói, o cansaço reina. E a mediocridade colide com a vontade de todo dia ser alguém melhor, seja no menor aspecto possível. No imaginário das madrugadas, ser o que se aspira, conhecedor, pensador, construtor de uma história, pesquisador. Seres que alternam com as restrições da sua pequenez, apesar da significância no Universo, seus almejos mais secretos. Infinitos, incontáveis, infelizmente limitados. Um que se retira, por um instante, poeticamente, para colocar-se entre vírgulas, em colisão e amor.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Deus Nada

De olhos cansados
mente dispersa
da necessidade de uma chuva
nesse tempo incerto
onde as nuvens se preparam
e nada pende
no real, enquanto no abstrato
o sonambulismo se faz constante
em meio à ideias jogadas
na parede
pichadas com spray
preto e branco
colorido para esse olhar
enquanto gritam
abre esse peito!
liberta esse ser
que o habita
em meio ao caos
em meio à bagunça
inquietante
costura a alma nesse corpo
e o aprisiona
na imaginação restrita
retalhos de quem um dia
almejou
ser.
mais.

Além da realidade
perdida
aspirou ser poesia, ser nota, ser tinta
ser amor, impossível, incompreensível
semente plantada
não cuidada, não valorizada

E nesses versos lhe escrevo o grito
de quem nunca viveu essa história
de encantar a página em branco
com ritmos em sons das palavras ditas
escritas
perdidas ao vento

mas na verdade ele se retrai