segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Massa

Queremos enlatados, prontos para o consumo: na alimentação, na música, na aprendizagem, nos filmes. Aquele enlatado que é simples, prático, mas já feito, sem nenhum trabalho nosso. E se quiser algo mais sofisticado (para o contexto: elaborado) pago para alguém fazer para mim um estudo, uma salada mais fresca. Eis a massa atual.

Números

A gente se preocupa tanto. Pensa tanto, quer planejar, saber o que fazer, ao menos imaginar qual caminho seguir. Busca resolver problemas, até mesmo os que não nos dizem respeito. Almejamos começar já a escrever ápices da nossa história na História, peculiar e insignificante para o Universo (com exceção para a colaboração na poluição e devastação do planeta).

Porém, se olhe no espelho.

Sequer os vinte chegaram. E faltam uma boa quantidade de anos para isso, apesar de "depois dos quinze passar rápido". Tudo bem, passa rápido. E nós nos acabamos querendo viver agora para não chegar aos trinta, quarenta, cinquenta... se arrependendo de não ter feito o que queria enquanto era jovem. Não cometer os mesmos erros de outras pessoas: deixar os instantes passarem.

Somos jovens, tão jovens que é cedo para viver a plenitude e infinidade da existência. Para viver de forma a deixar o mínimo de arrependimentos possíveis. Viver saudavelmente, responsavelmente, adverbialmente bem.

Alguma pessoa com seus vinte e pouquíssimos anos conclui a faculdade e está noiva. Ela é nova, tem toda a vida pela frente, tem projetos, coisas a fazer. Tem todas as oportunidades ao seu alcance, ou capacidade suficiente para aproximá-las de si. Se ela está nova assim, prazer, até ontem era um feto, hoje sou uma criança que almeja, deseja, espera de si (desistiu de esperar dos outros), mas não alcançou a chave para abrir a janela e voar. Só se alcança ela com o tempo, e tenho a impressão de que não há muito que se possa fazer para esse tempo chegar, além de esperar.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Melodia

E essa melancolia desolante
Ao som da melodia mais viva
Da poesia mais guardada
Fujo
Do percurso
Caio na toca do coelho e me escondo
do mundo
de todos
Por trás de sorrisos
A música mais tocante
eu compreendo
e fundo-a
à mim
enquanto palavras
verdadeiras
são transpostas
no vazio
me recolho
Chronos, me ajude
nesse eterno pesar em vida
eu insisto
Mas nada
se iguala
Estar vivo
isso não é suficiente
enquanto o coração bate
luto pela vida
no frio calor da minha mente
não tanto sorridente sempre
espero que permanente
espero que autônoma
e feliz
Quando estranha
e atordoada aparentemente
tornar-me
meu mundo!
Ah, meu mundo
não o arranquem
Eu imploro
não poderei deixar
e ai dessa mente - confusa
se se entregar
ao comodismo da massa
ou à passagem do tempo
Nada acaba, apenas
pode
evoluir
Como um parágrafo
escrito
de um texto
de sílabas
Um todo de uma parte
Impossível. Talvez não
meu coração bate em um disco
fora do meu peito
e as emoções
ganham valor na existência
pois existem, e apenas
evoluem.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Direito

Para, Ana.
É aí que está o erro
Você acredita com pouco
de que tudo está bem
e não, nada é fácil
nada é dado
coisa alguma vem de graça
só uma atitude que leva a todas as outras
conquistas
é de seu direito:
querer,
e quero
a mim
a quem esteja comigo
de verdade

sábado, 13 de dezembro de 2014

Somos pessoas exercendo nosso direito de ser

Se uma mulher tiver uma superioridade específica, por exemplo, uma mente profunda, é melhor ser mantido em segredo. Humor é apreciado, mas profundidade? Não. É a qualidade mais traiçoeira de todas.
Becoming Jane ou Amor e Inocência

Esse é um retrato do pensamento dos séculos XVIII e XIX sobre a posição da mulher na sociedade, e que ainda pode ser visto em atitudes de pessoas de ambos os sexos, séculos depois, mesmo após a invenção da pílula, a conquista do direito ao voto e a introdução da mulher no mercado de trabalho.

Através das interpretações bíblicas pode-se perceber a visão da mulher como submissa, criada para servir e obedecer ao pai, e logo após ao marido, não podendo questioná-los. Como aquela que apenas cuida dos filhos, do cônjuge e administra o lar - se acabou o papel higiênico, se o almoço está quente, se a casa está totalmente limpa porque se não estiver o marido sofrerá ofensas sociais dos outros pois ele não adestrou sua mulher o suficiente para fazer um bom serviço doméstico. Infelizmente, essa é uma ideia que foi bastante difundida nas sociedades, podendo observar que o mundo teve poucas organizações matriarcais, ou igualitárias, como os Celtas.

Assim, o papel da mulher desde o começo da vida humana passou a ser a dona de casa, a que faz tudo para o marido, pois o mesmo não pode lavar as louças ou passar as roupas, porque isso diminuiria sua imagem social de "masculinidade"; inclusive suportar as tantas traições, já que nessa linha de pensamento arcaica e absurda o homem pode trair, mas a mulher não.

Parte dessa cultura ainda é passada para as gerações seguintes quando os pais não dividem as tarefas domésticas igualmente entre filhos homens e filhas mulheres, quando ensinam apenas elas à cozinhar, quando ensinam aos meninos que eles tem todo o direito de "pegar" as garotas, como se elas fossem objetos que os mesmos poderiam possuir e descartar sempre que quisessem. Ainda existem homens que, para casar, não observam o caráter mas o requisito virgindade. Eles já tiveram relações sexuais com todos os tipos de mulheres (as quais consideram fúteis e sujas), sabe-se lá que doenças podem ter por conta disso, não possuem caráter e não respeitam os seres humanos do sexo feminino, mas só casam se a garota for virgem, ou pior, só dão valor à mesma se tiver esse requisito, mesmo que lhe falte os principais para qualquer ser humano.

Filhos homens possuem mais oportunidades, não são tão limitados pois a preocupação é enormemente menorjá que eles não podem voltar com uma barriga maior que o normal para casa por conta de uma gravidez - o que, hoje, é equivocado pois o rapaz tem de arcar com as despesas e a criação se tiver um filho -; já que eles no meio social não são vítimas de comentários maldosos com os piores palavreados se alguém difundir o fato dele ter feito sexo. A bonequinha princesinha do papai e da mamãe é sempre o alvo.

O filme fracês Después de Lucía simboliza bem o preconceito e a segregação desde a adolescência. Dois jovens se conhecem e fazem sexo logo, a mulher é a que sofre até mesmo torturas por isso. É a que vai ser acusada de não ter "valor". É a que vai aguentar xingamentos, mesmo quando um vídeo dessa relação é gravado e difundido não por ela, mas por algum rapazinho que se acha no poder. Enquanto que o homem pode fazer o mesmo com várias em uma mesma noite, mas terá, apenas, sua imagem social de masculinidade fortalecida.

O que pode-se perceber através de registros escritos de sociedades passadas e relatos cinematográficos verídicos de mulheres que vivenciaram esse preconceito, é que elas eram bonecas de porcelana, peças de um jogo social e financeiro, objetos dos homens e das famílias. Ou seja, não um ser humano, mas uma escrava, que era vendida por dotes e obrigada a servir, sem voz, sem autonomia.

O filme Amor e Inocência retrata a vida da escritora Jane Austen, e através dele é possível ver o que ela sofreu por não aceitar um casamento que traria muito dinheiro para sua família pobre. A quantia não seria para ela, mas sim para seus parentes; o que estava em jogo não era a Jane, como pessoa, mas a filha adorável que foiesplendidamente felicitada com um convite de casamento irrecusável. Ao visitar uma escritora, a mesma diz para Jane que não é possível ser uma boa esposa e uma boa escritora. O senhor Lefroy, o rapaz por quem a senhorita Austen se apaixonou (reciprocamente) seria advogado, apesar de não querer, e viveria disso; Jane não poderia viver da escrita, tanto por não ser um meio seguro economicamente, quanto por ela se sustentar sozinha, o que parecia impossível e um disparate. No livro Senhora, de José de Alencar, há uma passagem onde a personagem Aurélia é mandada pela mãe para ficar na janela, o que aumentaria sua chance de achar um pretendente, única ocupação da garota.

Na Pré-História e na História Antiga têm-se dados de que as sociedades eram matricêntricas, ou seja, a mulher não dominava, mas era o centro social por conta da sua fertilidade. Isso mostra o quanto o ser humano consegue ser extremista, pois a mulher não é o único símbolo de fertilidade assim como o homem não é o único símbolo de liderança. Ambos administram, ambos lideram, ambos são importantes e é necessária a participação de ambos para que um novo ser nasça. Na civilização Romana a mulher era valorizada, juntamente com a família, como uma base fundamental, e o trabalho doméstico uma virtude. A situação feminina só se expandiu para profissões na Idade Média.

Se hoje nós, mulheres, podemos votar, ter participação política, trabalhar, e, com sorte, ter um casamento onde ambos administrem o lar em parceria, foi graças à luta de muitas outras que deram "a cara a tapa" para conseguir fugir de parte desses paradigmas, e são homenageadas no dia 8 de março, dia esse que não homenageia o fato das mulheres usarem salto alto, maquiagem, sutiã e suportarem o sangramento menstrual mensal, como muitos meios midiáticos divulgam. Parte disso são desafios da natureza que nos foram impostos, e são mínimos perto dos olhares tortos e das agressões físicas e psicológicas que muitas suportam ainda hoje.

Direitos femininos vem sendo conquistados desde os séculos XVIII e XIX: direito ao voto, divórcio, educação e trabalho. Nos anos 1960, com a liberdade sexual ligada ao uso dos contraceptivos. E nos anos 1970, através da luta por igualdade de trabalho, essa que ainda se faz presente.

Nas antigas sociedades mediterrâneas, a mulher vivia uma condição legal limitada e sem direitos políticos. Foi a partir do século 18 que se começou a falar em reivindicação dos direitos da mulher [...] Ainda no século 19, no contexto da Revolução Industrial, o número de mulheres empregadas aumentou significativamente, iniciando um período de longas jornadas de trabalho nas fábricas, mas com os salários significativamente mais baixos em comparação aos homens. Foi a partir desse momento que o feminismo se fortificou como um aliado do movimento operário e em busca de melhorias trabalhistas. 
Direitos femininos, uma luta por igualdades e direitos civis. UOL Vestibular

Greves foram realizadas em Nova York em 8 de março de 1857 e 25 de março de 1911, fortemente reprimidas, e na Rússia em 8 de março de 1917, fatos que ajudaram a instituir esse dia como o Dia Internacional da Mulher.

Sim, hoje a mulher pode votar, governar países, se inserir no mercado de trabalho, escolher quando ter filho, quando casar, Porém, ainda existem famílias retrógradas que não dão tais permissões e as segregam pelo sexo. Homens que se acham donos e agridem mulheres física e psicologicamente. Ainda há culturas onde pessoas do sexo feminino que optam por não casar e são autossustentáveis, ou escolhem ter filho solteiras, recebem ofensas de várias formas, mesmo da família, o que torna a situação ainda pior.

Portanto, não é ser superior o objetivo das mulheres, mas sim serem respeitadas, ouvidas, donas de si mesmas. Há quem reclame e considere algumas situações que defendem a mulher como "privilégio", mas na verdade os únicos privilegiados durante toda a História foram os indivíduos do sexo masculino. A escravidão física pode ter acabado, mas a psicológica infelizmente ainda perpetua, e elas querem quebrar estas correntes que as mantem presas a regras ridículas, arcaicas, fúteis e prejudiciais. Então, com licença, que nós, mulheres, queremos passar e conquistar nosso espaço como seres humanos. Os primeiros passos foram dados, mas ainda estamos longe da igualdade.

G1 – Um dos destaques da música brasileira de 2014 é Valesca Popozuda. Ela diz que 'ser vadia é ser livre'. Você concorda? Vê um paralelo entre o seu trabalho e o dela?
Pitty – Entendo totalmente o que ela quer dizer com essa frase. É um pensamento que tem a ver com ideais feministas. Uma "vadia", perante essa sociedade machista, é uma mulher que usa saia curta ou decote e por isso "tá pedindo", que ousa sair sozinha, que anda nas ruas a noite, que comete o disparate de emitir opiniões, que fala sobre e gosta de sexo. Ou seja, uma mulher livre. Se para esse sistema patriarcal, ter direitos sobre o próprio corpo e a própria vida é ser "vadia", então, somos todas vadias. O paralelo que vejo entre nossos trabalhos é esse: somos mulheres exercendo o direito de ser.
Entrevista da Pitty ao G1 

Propaganda criada durante a Segunda Guerra Mundial, símbolo das mulheres que foram trabalhar nas fábricas substituindo os homens.
Link para a publicação do texto no blog transgressão.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Enjoy the little things

Nas pequenas coisas
Nos mínimos detalhes
Meros instantes
"Irrelevantes"
Passageiros, efêmeros, fugazes
Marcantes
Inspirados em palavras soltas
Isoladas
Que se encontraram
E a poesia se fez
Estrada
Caminhos, meios
De quebrar esse sistema
De retas e repetições
E exaltar a forma
Dessa música
Que nos compôs

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Freio

O tempo corre
Vai-se embora
Leva a vida
Conduz a hora
Deixa dor
Talvez rancor
E traz, principalmente...

O arrependimento de tê-lo deixado apenas passar, por medo.
Meu coração pede
Uma datilografia
A fim de expor
Essa alma
Que pede
Implora
Ressalta
Que deseja
Um silêncio
Uma chuva
Um frio
Um respirar
Um café
E uma boa conversa
Em meio aos cacos
Aos pedaços
Ao confuso
Jeito de ser
De existir
De viver
Que foi implantado
Deixado
Jogado
E hoje está assim
Perdido
Encontrado
Ciente
Gente
Humano.

sábado, 29 de novembro de 2014

Talvez a culpa seja minha:

Que não fiz o que tinha que fazer
Que não escrevi o que tinha que escrever
Que não compreendi o que tinha que compreender
Que não busquei o que tinha que buscar
Que não lutei pelo que tinha que lutar
Que não tentei o que tinha que tentar
Que não sorri quando tinha que sorrir
Que não sonhei o que tinha que sonhar
Que não fui o que tinha que ser



Que não fui eu. E agora, sou pó
vivo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Momento

Uma coisa
Apenas uma vez
Acontece
Nada repete
Nada refaz
Nada se faz presente duas vezes
Com tamanha certeza
Pretérito passado
O vazio existe
Coisa alguma é interminável
Ele se faz existir
A tristeza e a alegria
Compartilham
O mesmo sangue
E o agora
Deveria pertencer à mim
O amanhã pode não me caber
Mas somos feitos, também
De despedidas

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Já me fechei
Me tranquei
E não deixei levar
A lugar algum

Hoje permito
Me consinto
Pois quando passar
Quero olhar para trás
E sorrir
Ao invés
De querer
Desesperadamente
Fazer tudo o que queria ter feito

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Cacos

Há desordem
Busca-se uma forma
Um conforto
Um motivo
Uma forma de varrer
Os cacos
Perdidos

Jogados entre traças,
Debaixo da cama
Empoeirados
Esquecidos
Feridos

Cor

Pego, então, o que é real
Destruo
Separo
Transformo.
Construo, de outra forma
Aquela realidade
Para a cor do interior

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Escape

Ele levanta e vai lá. Mais um dia com as mesmas pessoas, os mesmo rostos vistos apenas de passagem sem sequer saber o nome. O mesmo pequeno círculo de faces. Apenas

Mais um turno da luta mensal, anual, de uma vida, esperando o reforço da esperança a cada queda ou simplesmente a cada nascer do sol.

Os dias passam monotamente e tristemente apesar do pão na mesa e do teto para dormir. Sim, ele luta, e contra dois inimigos-mães: os outros e si mesmo.

Todos os dias se senta à mesa para escrever, mas sua mente é teimosa demais para aceitar a mistura de realidades, para aceitar entrar em uma história criada no âmbito do seu cérebro e do seu ser enquanto o mundo desaba ao seu redor.

Insistente. E insiste em escrever frases curtas, contos, metáforas. Em espetar seus escritos com
trechos pessoais.

Por sorte do nosso personagem a situação apertou a ponto de se fazer escape. Do respirar ser puxado, e da mente querer percorrer caminhos.

Memórias

Nada como abrir uma caixa
E reviver memórias
Através de fotos.

Abrir um blog
E reler textos
De tempos passados
De alguém.

Nada mais sufocante e lindo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O ler na atualidade

De uns tempos para cá é inegável que o acesso à livros foi facilitado através de sites como Submarino, Saraiva e Livraria Cultura. Cresceu, ao menos aparentemente, a quantidade de livros publicados. E grande parte da literatura produzida e publicada atualmente é o que a professora, mestre e doutora Juliana Gervason chama de literatura miojo.

Juliana faz uma simples analogia, em um de seus vídeos publicados no Youtube, da literatura com dois tipos de macarrão: o instantâneo e o italiano. O instantâneo é prático, rápido de se fazer, não exige muitos conhecimentos culinários, mas não é tão gostoso quanto um italiano, que demora mais para ser feito, porém é preparado por alguém que entende do assunto e tem atenção com cada ingrediente e a mistura dos mesmo, de forma a preparar um prato bem elaborado e feito "sob medida".

A literatura prática, rápida, com linguagem mais fácil de ser compreendida, pode não ser tão boa quanto uma mais demorada para ser feita, mais pensada e elaborada.

A respeito de grande parte da literatura publicada atualmente, é possível ver dois pontos de vista: um que vê isso como algo positivo, já que veio acompanhado da facilidade de ter acesso à livros, e uma linguagem mais fácil pode chegar a um público maior; uma capa bonitinha e um título marcante pode chamar mais a atenção (que o enredo), e isso pode abrir portas para outras escritas, outros temas e incentivar os mais novos a ler de tudo. O outro não vê esse evento atual como algo tão positivo, primeiro porque a linguagem pode acrescentar vocabulário, mas pouco comparado a livros onde as palavras foram feitas espontaneamente e não facilitadas; segundo que, por acostumar a livros mais práticos, a pessoa não se interesse por outros mais construídos.

Nada contra a leitura simples e rápida. Eu gosto (bastante) de Quem é Você, Alasca?, mas isso não se torna o único tipo de leitura que almejo alcançar. Acredito no esforço. O esforço faz você conseguir coisas que não imaginava que conseguiria. Como disse Steve Jobs, fazemos o impossível por não percebermos que era impossível. Ler não é mero prazer, mas, sim, mudança. É algo para completar, para acrescentar, fazer pensar, analisar, e, se for o melhor, até mudar posições e pensamentos a respeito de algum assunto. As opiniões sobre esse assunto se divergem, mas fico com a de que é mais benéfico divulgar e incentivar a leitura de outras formas do que apenas publicando. Para Jobs o público não sabe o que ele que até que seja mostrado a ele, e isso pode fazer muito sentido. E, como disse Fitzgerald, "o escritos deve escrever para os jovens da sua geração, os críticos da próxima e os professores de todo o futuro".

Assim, a publicação de muitos livros atualmente pode sim ser algo positivo, pois o que vemos como best-seller hoje é muitas vezes menosprezado por muitos antes de se conhecer. Mas outros tantos livros que hoje são mundialmente conhecidos, na sua época foram best-sellers rejeitados pelos críticos, assim como clássicos atingiram ápices de vendas e foram bem recebidos pelo público. Não é possível prever, e se a literatura está trazendo mais leitores, que estejamos mais abertos para aceitar e não olhar com olhos tortos para o livro e para quem o lê.

Asas

Todos fazem isso. Seja impedindo o filho de escolher a faculdade que quer fazer; seja privando-o de conhecer novas pessoas e pôr em prática os valores que construiu ou adquiriu ao longo da vida; seja atrapalhando no ato de sonhar e na luta por alcançar o objetivo em que esse sonho se transformou.

São aqueles que ajudam e põem impecilhos. E, (fazendo uma comparação com outro ser da natureza) como uma boa borboleta, devemos com nossas próprias mãos sair do casulo e libertar nossas asas. Isso não é esquecer os que estiveram conosco até então, mas sim cumprir nossa missão de ultrapassar os impecilhos que nos são impostos, creio eu, justamente para mexermos as mãos e sairmos por conta própria.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Visão

Visto meus óculos
E através deles
Vejo o mundo sob meus olhos
Sentindo cada gota de sangue
A percorrer-me os caminhos desse coração
Já agoniado e perdido.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

E o estopim veio de vinte centavos

julho de 2013
Corrupção; precariedade no sistema de saúde, com pessoas nos corredores, falta de médicos, de remédios,  enfim, de estrutura hospitalar pública; falta de investimentos na educação brasileira, com uma escola pública aparentemente confortável para sair nas propagandas, enquanto nas outras alunos e professores sofrem sem telhado e usando guarda-chuvas dentro das salas de aula - o caso em que a professora foi afastada do cargo por denuncia; próxima de Cuiabá, na única escola estadual do município de Ribeirão Cascalheira, as verbas foram prometidas mas o material está parado no chão -, sem portas, sem água, sem carteiras, sem quadros, e quando o material didático e os uniformes são entregues ficam guardados e não são distribuídos (como ocorreu em São Luís, MA); divulgar os problemas, apenas, é simples, pois é fácil encontrá-los, mas é obrigação do governo corrigir os mesmo, e não pode haver desculpa de falta de dinheiro, já que os salários no Senado são altíssimos, e além de ter condições o presidente do Senado usa avião oficial, pago com dinheiro público, para fins pessoais como ir a sua casa de praia; e não acaba ainda... vem a má remuneração aos professores, que ensinam todos os outros, porque o advogado, o médico, todos os outros são ensinados por professores, todos passamos por eles antes, e esses não são reconhecidos; os autos impostos cobrados no país, taxas, para andar em ruas esburacadas, com um trânsito congestionado e muitas vezes mal organizado; casas feitas pelo governo mas que caem depois de poucos tempo; e o mais forte atualmente, além da tarifa, que causa indignação em alguns desde o anunciamento: bilhões gastos em apenas UM! estádio de todos os que serão reformados e construídos, enquanto pessoas morrem nos corredores, enquanto a violência não permite uma pessoa, nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, poder chegar do seu trabalho em casa, que pode ser assaltada ou sequestrada, e muitas vezes morta ao abrir o portão, enquanto é preciso pagar escolas privadas quando a educação pública deveria oferecer o básico, o necessário, o mínimo aos alunos que a família não possui condições de pagar a escola. Para quem diz que não há motivos para tanto, que são SÓ POR VINTE CENTAVOS, será mesmo que não há motivos? Os protestos que estão ocorrendo não são somente para quem anda de ônibus, e vai sofrer com o aumento, mas para cada cidadão que vive sendo explorado de várias formas, sem os direitos que possui, para cada pessoa que quer um país melhor para viver, ser ser roubado, sendo exposto "na cara" o que se passa no governo e simplesmente não fazer nada. Acorda, representantes, que não há mais justificativas para tentar parar. Simplesmente não há como dizer que não existem motivos, porque eles são claros a muito tempo. E, principalmente, acorda, povo! que somos nós que escolhemos eles, apesar de toda a negociação entre os partidos, entre os que influenciam quem, quem apoia quem lá dentro... uma ação digna nas pequenas coisas já mostra educação, pertencimento a nação.

Nota: quero ressaltar que muitos dos problemas citados são problema não só do governo federal, como também dos governos estaduais e municipais.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sonho, literalmente sonho

Aquele sonho de infância, diferente do da maioria. Foi se completando com um mais imediato e com aspecto fugitivo, mas que constitui mais sonho do que realidade.

Quem já passou pela experiência diz os pontos negativos, que se sobrepõem aos positivos. E essa ideias ficam dizendo "você pode não conseguir", " isso é desnecessário" e "você não será feliz por fazer algo apenas por impulsos acumulados". Mas nos momentos de tensão o sonho se fortalece. E a vontade de buscar uma realidade diferente é o que ainda mantém a idealização de pé.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Respeito é bom e faz bem para os dentes

Neste escrito me refiro à população do centro-sul como "vocês", mas desde já peço desculpas por não encontrar termo melhor. O texto não busca generalizar, pois existem pessoas que nasceram nessas regiões e que defendem as demais como a professora Patrícia PirotaVevs Valadares e Gustavo Magnani, do Literatortura; logo, se você não ofende um nordestino ou o está xingando e ameaçando bater nele nesse momento, sinta-se fora do "você".
"Quando eu era jovem e mais vulnerável, meu pai me deu um conselho que desde então tenho revirado na mente: 
- Sempre que sentir vontade de criticar alguém - disse ele -, lembre-se apenas de que neste mundo nem todos tiveram as vantagens que você tem."
(F. Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby)

Defeitos todos temos. A população centro-sul e a nordestina. O próprio estado de Minas Gerais teve maioria de votos para o PT, e eis a questão: estão falando deles? Não, apenas do nordestino.

À população do centro-sul que comete tais atos agressivos e ofensivos e que se dizem tão politizados e superiores, cabe ter o mínimo de respeito com o povo que simplesmente não teve as oportunidades que vocês tiveram. Não esqueçam que a nação brasileira começou no nordeste. Que a mão de obra que fez as suas grandes cidades crescerem veio daqui. Do que vocês chamam de "pobre", "lascado", "analfabeto", foram eles que tiveram a capacidade de erguer o prédio de onde hoje você escreve criticando-o. Que a forma de falar que o nordestino tem e que muitos de vocês zoam, vocês também possuem, e que é algo natural das localidades. Que o índice de analfabetismo entre outros não positivos para uma sociedade não é porque queremos ser assim, e sim porque atitudes na história nos fizeram chegar nesse ponto (cadê a superioridade em conhecimento histórico?).

Intolerância e Preconceito são os nomes que se dão para explicar atitudes de quem ofende o outro pela diferença. O nordestino que nasceu na seca não pediu para viver (ou sobreviver) ali. O nordeste não é só mato, chão rachando, gente sem escolaridade e animal andando pela estrada, não. Porém, infelizmente, é isso que as grandes mídias mostram, patrocinadas por quem acredita nisso (e, infelizmente, tem dinheiro e influência política e social).

Ser politizado, ser inteligente, ser desenvolvido é saber respeitar as diferenças. Se acham a população do nordeste (que, quem nos ofende assim deve pensar ser totalmente analfabeta - o que, peço licença para dizer, é um equívoco triste) analfabeta, agora vocês estão provando que nós temos uma qualidade que muitos de vocês não tem: sabemos conviver em sociedade.

Não importa quem é PT, quem é PSDB, o importante é o respeito. Não querem um partido? Tomem atitudes de pessoas civilizadas, ao invés de criança chorando porque perdeu a balinha, aí vai e agride o irmão.

sábado, 25 de outubro de 2014

Queridas histórias da infância

Tenho em mim um amor
Que me preenche
E é parte de mim
Pelas histórias daqueles livros
Que lia na infância.

Fui eu mesma

Não é tarefa simples ser você mesmo em meio a tantas influências, mas elas podem ser boas se auxiliam na formação de um ser único como somos. Não quero ver aquele filme porque todos veem, ou jogar mesmo sem interesse só para ser do meio dos jogos e poder falar sobre ao invés de dizer "não conheço". Recordo ter visto em algum lugar que os sábios são capazes de dizer que não conhecem de um assunto em vez de fingir que entendem. E, vamos combinar, a sabedoria é algo admirável.

Os amigos, os conhecidos, os que possuem características que aspiramos ter um dia, aquelas inspirações, fornecem peças importantes para nossa formação. E que ela seja única, mesmo com suas semelhanças. Original, principalmente.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O início

Natal de 2011.


Noite de natal... normalmente estaria reunida com toda a família, comendo muito, e forçando um sorriso para parecer bem. Mas hoje foi diferente. Acordei bem cedo, antes das seis, arrumei a mochila e saí, em busca de um pouco de tranquilidade. Caminhei até a pequena estação da cidade, onde sairia um trem em quinze minutos... um período de espera onde pude pensar sobre minha vida. Essa mesma vida que eu estava deixando para trás, essa mesma onde eu tinha um coração partido, e estava atrás de mim, da minha felicidade, e da vida que eu havia perdido. Me lembro apenas do trem passando, depois dele parando, e de quando entrei. Comecei a andar, procurando a minha poltrona, até que achei o local, e quando fui colocar minhas coisas:
- Oi, pequena.
- Oi.
- O que faz aqui?
Quando vi, lá estava eu, contando minha história pra um desconhecido. Mas já que estaria ao lado dele por toda a viagem, não ia fazer muita diferença, pelo menos íamos ter assunto no caminho. Ele achou loucura eu ir embora assim, sem avisar, sem mais nem menos, por conta de "uma paixão besta", mas cada um sabe a dor que trás no coração. A viagem foi longa, e um pouco cansativa, até que chegamos à cidade.
- Então você fugiu de casa por conta de um amor que não deu certo?
- Não foi bem isso, é que minha vida era uma droga.
- A nossa vida só é uma droga quando nós vemos ela por esse lado. Se todo dia de manhã você sorrir das pequenas coisas, ao invés de chorar por grandes problemas.. tente equilibrar as situações.
- Mas é que você não entende. A minha família é um horror. A pessoa que eu amo não me ama, eu vivo presa dentro de casa, não me deixam sair para lugar nenhum, e... tudo é ruim.
- Já experimentou esperar?
- Esperar o que? O tempo passar e eu apenas ver pela janela?
- Esperar as coisas certas nos momentos certos.
- Então você acredita no destino?
- Acredito que tudo tem sua hora, e que, quando ela chega, devemos agarrá-la. Preste atenção, querida, tudo tem um motivo, se não achasse sua vida uma droga, você não teria fugido, não teria me conhecido, e eu não teria conhecido o amor da minha vida. Hoje entendo porque todos os outros deram errado. Agora vamos pegar o trem e voltar para o seu lar, prometo não sair do seu lado. Nem durante a viagem, nem durante qualquer dia da sua vida.

~

(publicado originalmente em uma-poeta-solitaria.tumblr.com. Nos tempos em que ouvia Fresno constantemente, em que choveu mais do que qualquer época que lembre, e onde tinha as primeiras pontadas de sentimentos jovens. Pois é, hoje olho para trás e não vejo tais momentos como algo ruim. Pelo contrário, após um tempo de "hiato" de mim mesma, de não conseguir ouvir mais as músicas que ouvia antes, de sentir mais facilmente e mais superficialmente; hoje consigo ouvir a mesma banda sem sentimentalismo em excesso. Não que tudo foi bom, porque não foi, mas olhamos e valorizamos o que passou, como parte. Hoje ouço, seleciono,  e reescrevo aquele texto escrito no tempo que até ontem era triste, mas hoje era simplesmente meu, parte do todo.
"Arrumei a mochila" inspirado na série Noite Eterna, quando a Bianca se prepara para fugir da escola interna e voltar à cidade onde viveu até então)

O eu sou

Penso, escrevo.
Acho me conhecer
Mas não me conheço.

Faltam opções, faltam meios
De demostrar isso
E confirmar o que penso não saber
Que talvez saiba
Ou talvez não esteja tão construído quanto penso estar...

Palavras saem
Socam as barreiras
Se perdem no caminho
E algumas pulam fora
Em qualquer espaço em branco
Na eterna esperança de um texto
Com as palavras certas
Que quase nunca saem.

Sou o que sou
Parte dos que me inspiram
Sou o que tento
O que pretendo e busco.

Desperdícios

A vida é muito curta para desperdícios desnecessários.

É crua.

E faz com que seja deliciosamente necessário aproveitar cada palavra, cada som, cada sonho, cada milésimo de segundo, cada hora. Os pequenos detalhes, as ações, os projetos. De obrigações já somos saturados, e a existência é crua, pura, em branco, mas o conhecimento é encantador e pode preenchê-la com momentos únicos e especiais. Já que não se pode conhecer tudo, que se chegue até o que for possível aprender com e por prazer...

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Por que demorei tanto para ver Gilmore Girls?

Simplesmente sensacional. Uma série interessante, inteligente e, também, divertida. Personagens espetaculares, bem construídos, e a Rory? Sem comentários. Me fez querer nascer de novo só para ler mais na infância e crescer com os hábitos de leitura dela,que são muito bons. Rory é meiga, inteligente, profundamente leitora e determinada; além de ter uma mãe que é mais uma amiga (apesar dos contratempos ao longo das temporadas). Consegue cativar a todos com suas tentativas de manter a paz em qualquer ambiente. O ambiente, alguns personagens, e a Rory, principalmente, são cativantes.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Chuva

O tempo parece ter melhorado um pouco. Finalmente o calor infernal do último mês deu lugar à umas gotas de chuva e o clima ameno consegue preencher o pouco espaço de satisfação existente. As leituras até que fluíram bem nos últimos dezessete dias, mas agora desandam de novo e o sono é um dos culpados.

Mas, tudo bem. Amanhã tem mais café para acordar, ou talvez não, só pra ficar sentindo o sono percorrer o cérebro e impedir o raciocínio naqueles problemas, aos quais somos peça secundária e não podemos resolver.

Mais aulas, poucos amigos, médios livros. Quem sabe mais uma chuva não traz alegria na espera de outro dia, e outro dia, e de um carpe diem não realizável.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Um

Busca-se palavras carregadas de verdades e significado irrefutável.

Contudo, o que mais causa o prazer racional é justamente o passar da folha que, ao menos na minha imaginação, consegue arrancar inconscientemente um suspiro e uma alegria.

O essencial se torna invisível por ser bastante complicado expressar através de uma conversa, uma imagem, um olhar. Através, também, de palavras, pois essas, como os anteriores, escondem a grandiosidade que existe na simplicidade de um mortal. Entre palavras e além se busca expressar aquele essencial que é eternamente invisível. O profundo que só se descobre de formas ainda não exploradas pela humanidade.