segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O ler na atualidade

De uns tempos para cá é inegável que o acesso à livros foi facilitado através de sites como Submarino, Saraiva e Livraria Cultura. Cresceu, ao menos aparentemente, a quantidade de livros publicados. E grande parte da literatura produzida e publicada atualmente é o que a professora, mestre e doutora Juliana Gervason chama de literatura miojo.

Juliana faz uma simples analogia, em um de seus vídeos publicados no Youtube, da literatura com dois tipos de macarrão: o instantâneo e o italiano. O instantâneo é prático, rápido de se fazer, não exige muitos conhecimentos culinários, mas não é tão gostoso quanto um italiano, que demora mais para ser feito, porém é preparado por alguém que entende do assunto e tem atenção com cada ingrediente e a mistura dos mesmo, de forma a preparar um prato bem elaborado e feito "sob medida".

A literatura prática, rápida, com linguagem mais fácil de ser compreendida, pode não ser tão boa quanto uma mais demorada para ser feita, mais pensada e elaborada.

A respeito de grande parte da literatura publicada atualmente, é possível ver dois pontos de vista: um que vê isso como algo positivo, já que veio acompanhado da facilidade de ter acesso à livros, e uma linguagem mais fácil pode chegar a um público maior; uma capa bonitinha e um título marcante pode chamar mais a atenção (que o enredo), e isso pode abrir portas para outras escritas, outros temas e incentivar os mais novos a ler de tudo. O outro não vê esse evento atual como algo tão positivo, primeiro porque a linguagem pode acrescentar vocabulário, mas pouco comparado a livros onde as palavras foram feitas espontaneamente e não facilitadas; segundo que, por acostumar a livros mais práticos, a pessoa não se interesse por outros mais construídos.

Nada contra a leitura simples e rápida. Eu gosto (bastante) de Quem é Você, Alasca?, mas isso não se torna o único tipo de leitura que almejo alcançar. Acredito no esforço. O esforço faz você conseguir coisas que não imaginava que conseguiria. Como disse Steve Jobs, fazemos o impossível por não percebermos que era impossível. Ler não é mero prazer, mas, sim, mudança. É algo para completar, para acrescentar, fazer pensar, analisar, e, se for o melhor, até mudar posições e pensamentos a respeito de algum assunto. As opiniões sobre esse assunto se divergem, mas fico com a de que é mais benéfico divulgar e incentivar a leitura de outras formas do que apenas publicando. Para Jobs o público não sabe o que ele que até que seja mostrado a ele, e isso pode fazer muito sentido. E, como disse Fitzgerald, "o escritos deve escrever para os jovens da sua geração, os críticos da próxima e os professores de todo o futuro".

Assim, a publicação de muitos livros atualmente pode sim ser algo positivo, pois o que vemos como best-seller hoje é muitas vezes menosprezado por muitos antes de se conhecer. Mas outros tantos livros que hoje são mundialmente conhecidos, na sua época foram best-sellers rejeitados pelos críticos, assim como clássicos atingiram ápices de vendas e foram bem recebidos pelo público. Não é possível prever, e se a literatura está trazendo mais leitores, que estejamos mais abertos para aceitar e não olhar com olhos tortos para o livro e para quem o lê.

Nenhum comentário:

Postar um comentário