terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Passagens

20161222_152058 edited_photo1482790353086 afterlight

Separo minhas roupas
Recolho meus abraços
Dobro minhas lembranças
Pego os rascunhos
Preencho a mochila com vontade
Saio em busca do abraço
De papéis que voaram
Da brisa do mar na face
E da conexão
Entre bilhetes
E frases incompletas
Repletas de tanto fluir

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Abraço interno

O encanto com notas, sílabas, sorrisos
Conversas na grama
E guardanapos na escrivaninha
Com o verso do ocorrido
Ou de uma conversa quando não se pôde olhar
Nas letras o significado para aquilo que somente seu olhar demonstra
No interior das nossas histórias
Nas vivências que só nós podemos recordar
E no abraço interno ao sentir
Parte de si

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Gerúndio

Na linha tênue da tua vida e na poesia das tuas palavras foste outro além de ti
Foste a pancada no peito e o desconforto no olhar
Foste a incoerência ao perceber que na verdade tu apenas foste
E agora embala teu âmago
Relembrando que a cada passagem pelo mesmo ponto, todos os dias, pensa

Presente

Ser significados

sábado, 27 de agosto de 2016

Luz entre os galhos

Agora
A rosa
Desliza nas linhas
Pelas quais percorre teus dias
Nas quais registra as fotografias
Do esvoaçar da sua saia
Sobre as quais libera o ar
Quando não está caminhando nas praças
E observando o entardecer
Através
Das copas
Das árvores
A imagem que preenche o teu vazio
Com a sensação de paz

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Serenidade

Buscava o equilíbrio perfeito, o cessar os devaneios e dos passos apressados, a substituição completa do mal por todo e qualquer bem. Vivia a inquietação de pensar que não há o menor sentido em trabalhar para ter dinheiro, ou ter filhos. A vida tem de ser mais do que isso. Insistia em acreditar que haviam comportamentos ideais, um ideal de pessoa completamente ajustada às linhas do seu caderno, totalmente produtiva, dedicada e que fosse capaz de aproveitar ao máximo cada segundo do seu tempo. Acreditava indiretamente na perfeição, na estabilidade constante e, principalmente, que um dia atingiria o grau máximo de satisfação pessoal, de equilíbrio interior; que chegaria a olhar para os lados e falar: é isso; a ter trinta dias sucessivos de paz interior, emoções alegres, concentração com facilidade e ocupação de cada minuto com coisas que gosta. Mas...

[...] Porque por baixo de tudo na sua vida, tem alguma coisa - aquele vão eterno. Aquela desconfiança de que nada vale a pena e você está sozinho [...]. A vida é triste demais, só estar nela... [...]
Fonte: "Como se libertar do seu smartphone", revista Galileu 
A tenuidade dos bons momentos é clara e o que nos resta além desses instantes são todos os demais quando tudo o que temos é a nós mesmo e algumas coisas dispersas no fluido do universo e da existência. A natureza individual, a subjetividade e a nós mesmos completamente nus, com as marcas pessoais cravadas nessa pele que é puramente negra. Esta foto do Luan Felipe expressa bem isso.

S.
Créditos: Luan Felipe

A voz mudou. O som interior não é o mesmo e muitas vezes não corresponde ao tom expressado, mas ainda encontra nas palavras uma certa paz. É o meio através do qual atinge certa sensibilidade.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Imaginação, música e coisas boas

Ultimamente está sendo complicado viver sem imaginar como seria definir esse pequenino período no futuro.

É um assunto para tratar na terapia? provavelmente. Mas em algum momento a gente pode conseguir tratar desses assuntos sem parecer piegas ou inútil demais.

Como estava dizendo, se conheço uma banda interessante simplesmente não consigo sentar e ouvi-la sem me imaginar falando com alguém sobre como eu conheci a banda, quais álbuns prefiro e agindo com a maior naturalidade do mundo sobre aquele gosto como se fosse parte de mim.

Isso acontece não só com a música.

Todavia, o mais importante nas entrelinhas entre o primeiro contato e a memória é esquecido: a experiência. Entre a primeira música ouvida e os anos nas costas ou mesmo o dia em que for contar para o tal amigo na tal conversa imaginária há várias horas nas quais você fica nervosa porque não começou a ouvir essas músicas antes, agora já conheceria mais deles e entra num ciclo sem fim que não dá em nada, sempre na espera do tal dia em que se lembrará desse da forma mais lírica possível. Horas essas que, na verdade, são para realmente ouvir o que quero e deixar a conversa hipotética acontecer naturalmente em algum dia por aí.

Ah, o lirismo...

Talvez seja solidão? talvez. Não ter muito com quem compartilhar? talvez. E reconheço o pouco conhecimento para vir aqui e escrever sobre. Só sairiam coisas como "então, é bem interessante..."

Quem sabe quando estiver com os cabelos brancos tenha material suficiente para falar sobre The Bends, mas, primeiro, é preciso a experiência de ouvi-lo.

domingo, 15 de maio de 2016

Desaprendi a escrever e outras coisas

As palavras não saem mais da mesma maneira. E isso pode ser bom. Os dedos que agora digitam refletem uma cor diferente em suas unhas. A definição de bom, correto ou adequado é tão relativa que, muitas das vezes, nem nós mesmo conseguimos especificar - nós, as principais testemunhas desse julgamento. As palavras há muito buscam abstração, metáforas sem sentido, analogias ruins. O fluxo se perde nos neurônios e nem sempre consegue se expôr. E talvez isso possa ser bom. Podem preencher essas linhas com suposições, as afirmações voaram com as minhas nuvens porque as roupas foram jogadas pela janela. Eis mais uma abstração ruim. A verdade é que nós desaprendemos de algumas coisas para buscar outras, para buscar um algo. Não falarei no plural porque não sei pelos outros - e nunca soube. Mas estou em busca de um grande talvez, vários, e eles podem estar onde menos esperamos. E preciso aprender a enxergá-los, limpar as lentes já tão manchadas por filtros que eu mesma criei a partir do que me circundava. Quero os meus filtros, incertos, recebidos por corujas e embrulhados em embalagens de papel. Quero mundos novos para talvez encontrar outros que me sirvam. Metade dos escritos não tem explicação, a outra metade me esqueci qual é. Inventei suposições e as defini como verdades, mas já não quero mais me ater às ações passadas. Eis um caminho pela frente, e dessa vez vou tentar manter as lentes mais limpas. Não sei detalhes, nem quero definições. Hoje à noite sou palavras extasiantes, sou perguntas. Desaprendi as coisas que achava saber e hoje apenas sou, despida, uma pele a ser desenhada com marcas colecionadas. Hoje à noite sou o olhar de um fotógrafo ao ligar a câmera. Eis o mundo, e ele o enxerga da sua maneira.

Sem título


sábado, 14 de maio de 2016

Hiato comigo

O fôlego curto solta uma brisa
que invade a planta
ali, naquele canto
carregando seu frescor
ela tenta escrever
tenta falar, e fala
mas a única a lhe escutar
é a mesma que embeleza o concreto
e senta
e repete todo o processo
de novo
buscando fazer o que imagina nos momentos propícios
e sonha com a varanda sossegada
vazia de quem só traz lágrimas

Grande Grito

A cada dia uma morte lenta
e fria
e crua, tão nu corpo
transparecia suspeitas de adeus
falso, encobertado
por dores
suportadas com coragem
numa estrada de ladeiras
que desce rumo
ao acostamento
e passa da lista
da pista
do alinhamento estabelecido
parâmetro não acolhido
força e engomado
até o grande grito
suspiro

terça-feira, 10 de maio de 2016

Nitidez

Por favor arranquem-me essa carcaça
me escondam os cadernos
os papéis e todas as canetas
apaguem as memórias
digam adeus ao filme
rebobinem todas as fitas
desfaçam as malas
venham me despir
e abrir as janelas

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Na escada

na neblina das quatro horas
você gritava de longe
enquanto eu, perdida nos andares
não sabia escrever em linhas
com mais de cinco palavras
agora já observo pela janela
enquanto voam minhas nuvens

já é tarde

e tu já foste
embora
e me deixaste em versos
avulsos
levada pelo vento que agora faz minhas nuvens
voarem

porque pra ser nós
preciso ser eu

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Tecer

O meu copo está pela metade
E aquele som, tão característico
Me faz companhia na madrugada
Onde os versos são curtos
Onde a luz está forte
E me quer vivendo
E não me deixa dormir
E me questiona onde está
A chave que eu perdi
E que em algum momento esteve no meu bolso
O espelho diz estar aqui
Em algum lugar
Mas agora me deixou vagando
Divagando como um fantoche
Que puxa suas cordinhas de senhor dos brinquedos
Com seu rosto costurado
Mas crê não saber andar
E suas pernas bambeiam
Seu rosto escorre
Em fios que tecem o seu leito
E escrevem seu nome
Em uma página em branco

Des

nessa sua luta constante
que rebate aí dentro
e bate lá fora
e escorre aqui, agora
lhe atingindo de um canhão
entre tantos canhões espalhados no planeta
desperdiçando o tempo
deixando a enchente levar
enquanto todos adormeciam
e o som da televisão não mais se manifestava
e o estalar da dor de cabeça se fazia presente sozinho
punha para tocar a música que mais acalma
e inquieta (com) a poesia
sentia em sua face a luz que invadia as frestas da janela
visualizando a si e ao passado que hoje foi bom
o passado tão presente onde a mesma música a fazia sorrir
e chora de emoção por lembrar
que aí dentro ainda existe

domingo, 6 de março de 2016

Toque

Não sei amar calada
Começo com letras pequenas
Termino em tamanhos desproporcionais
Não sei sentir a melodia percorrer-me
E entrar em êxtase só
Não sei ser feliz no meio dessa alegria
Perdida em versos
Que só fazem sentido
Quando a música toca
Ou quando escrevo versos na minha história
Meio que sem intenção

(para ler ouvindo cansei, silva)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Ontem

Sempre escrevo de forma mais implícita, colocando com cuidado em alguns versos um pouco do que sinto naquele momento, um pouco de pensamentos, de como vejo a vida naquele instante e um toque de imaginaçaõ. Hoje, porém, vai ser algo mais subjetivo e me permito, ao menos às vezes, me abrir um pouco mais - o que não é o objetivo, mas... não mata.

Ontem estava na primeira aula de matemática do ensino médio e meu professor querido (como muitos) fez uma analogia da escadas, do estágios do ensino básico e mostrou os três degraus desse período que estávamos iniciando. É engraçado como as lembranças vêm tão perfeitamente que parece que ontem estive naquela sala, morando naquele apartamento (no qual não mais estou) e, principalmente, como tudo remexe dentro de nós quando lembro que, apesar dos pesares, havia um amor ali, havia uma vida maravilhosamente linda dentro de mim.

Todo esse pensamento surgiu ao ouvir esse álbum do Detonautas, que marcou esse período. Uma intensidade querendo fluir nesse momento ao lembrar das amizades, das companhias, das manhãs maravilhosas e das músicas no caminho pra casa. Não consigo enxergar muito a partir de agora - três semanas para começar a faculdade em outra cidade - mas, ao ouvir as músicas que me remetem essa época, fico satisfeita, nostálgica e, ao mesmo tempo, pensando nas próximas páginas que posso escrever, nas próximas páginas que estão, agora, a meu dispor. Diferente, sim, bastante, mas vivemos de mudanças, certo? Que construa mais páginas para trazer boas lembranças.



Uma coisa é certa: continuo sem saber se faço listas ou deixo fluir, eis a questão.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Segurem seus egos

São pequenas coisas. Uma palavra incômoda ali, um grito acolá. Depois de um tempo gritos me assustam e tudo o que mais quero, prezo, admiro e respeito é a paz e a tranquilidade. Não consigo entender como existem pessoas que conseguem viver, seja bem ou mal, sem harmonia apenas porque seus egos não deixam.

Um comentário fora do lugar, um dia ruim, todos temos. E, como parte do meu amor pela tranquilidade, pela fala serena e baixa, acredito que superamos esses acontecimentos, os escorregões de dias ruins que todos temos, quando uma força sobrenatural nos dá um soco e soltamos palavras e atitudes rudes sem motivo. Porém, entretanto, todavia, justamente por isso que tais gestos são incomuns, são ao acaso, esporadicamente. Soltar praga pro pobre ventilador é demais. Reclamar por bobagem como algo fora do lugar é falta de amor à vida.

Não precisamos aplaudir o sol todo dia quando ele se põe, mas não podemos negar que boas risadas são sempre bem-vindas para encarar os pequeninos incômodos que podem se tornar redemoinhos se você decide não ser feliz.

Quando tomamos a decisão de ser feliz damos um sorriso largo e um abraço forte na positividade e um adeus àquela pessoa que procurava um problema em cada topada do pé na mesa. Um trabalhador com um tumor no cérebro que vi ontem na televisão sorria disso e continuava com seus sonhos.

Sonhos. São esses que não compreendo bem, mas o meu eu mais interior possível sabe muito bem que, depois dos momentos - curtos ou longos - de turbulência são as nossas aspirações que nos guiam.

É a leveza da alma que nos dá a paz que precisamos para viver e conviver com nossa essência humana. É com boas ações e com o cultivo da suavidade e da busca pelo bem-estar, fugindo de conflitos inúteis, que deixa-nos felizes. Então vamos passar essa mensagem pra todos: segurem seus egos que insistem em brigar por futilidades e vamos nos amar mais. Nada como um dia sereno. Nada como olhar pra sua vida, para si e para as pessoas ao seu redor e se sentir bem. E se não for possível por causa dos outros, teremos essa paz dentro de nós para continuar a enxergar a beleza.