domingo, 27 de dezembro de 2015

Suposta lista de livros para dois mil e dezesseis

Metas não são o meu forte, mas estamos aqui para melhorar os pontos fracos, certo? Certo. É interessante aprender a cumpri-las a fim de atingir nosso objetivo. Então decidi separar para o próximo ano alguns livros que me proponho a ler:

O amor nos tempos do cólera (Gabriel García Marquez)
Ainda muito jovem, o telegrafista, violinista e poeta Gabriel Elígio Garciá se apaixonou por Luiza Márquez, mas o romance enfrentou a oposição do pai da moça, coronel Nicolas, que tentou impedir o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Para manter seu amor, Gabriel montou, com a ajuda de amigos telegrafistas, uma rede de comunicação que alcançava Luiza onde ela estivesse. Essa é a história real dos pais de Gabriel García Márquez e foi ponto de partida de "O amor nos tempos do cólera", que acompanha a paixão do telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza por Fermina Daza.
O Hobbit (J. R. R. Tolkien)
Bilbo Bolseiro é um hobbit que leva uma vida confortável e sem ambições, raramente aventurando-se para além de sua despensa ou sua adega. Mas seu contentamento é perturbado quando Gandalf, o mago, e uma companhia de anões batem em sua porta e levam-no para uma expedição.
Orgulho e Preconceito (Jane Austen)
A jovem Elizabeth Bennet, que se julga desprezada por Darcy, jovem rico e orgulhoso, começa a se interessar pelo belo militar Wickham. Em lugar do simples enredo sentimental, o texto de Austen focaliza uma questão mais complexa em que se misturam a razão, o sentimento de gratidão e suas implicações e, especialmente, a desconfiança com relação às primeiras impressões.
 Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)
Publicado em 1881, "Memórias póstumas de Brás Cubas" é um dos mais famosos romances de Machado de Assis, um marco na literatura brasileira. Narrado por um defunto autor, uma voz irônica que se dirige constantemente ao leitor, a trama começa com o enterro de Brás Cubas, passa por seus delírios, volta à infância do personagem e, de forma nada linear, traz para o centro da cena vários episódios da vida desse excêntrico narrador.
Perto do coração selvagem (Clarice Lispector)
A vida de Joana é contada desde a infância até a idade adulta através de uma fusão temporal entre o presente e o passado. A infância junto ao pai, a mudança para a casa da tia, a ida para o internato, a descoberta da puberdade, o professor ensinando-lhe a viver, o casamento com Otávio. Todos estes fatos passam pela narrativa, mas o que fica em primeiro plano é a geografia interior de Joana. Ela parece estar sempre em busca de uma revelação. Inquieta, analisa instante por instante, entrega-se àquilo que não compreende, sem receio de romper com tudo o que aprendeu e inaugurar-se numa nova vida. Ela se faz muitas perguntas, mas nunca encontra a resposta.
A sombra do vento (Carlos Ruiz Zafón)
Numa madrugada de 1945, em Barcelona, Daniel Sempere é levado por seu pai a um misterioso lugar no coração do centro histórico:o Cemitério dos Livros Esquecidos. Lá, o menino encontra A Sombra do Vento, livro maldito que mudará o rumo de sua vida e o arrastará para um labirinto de aventuras repleto de segredos e intrigas enterrados na alma obscura da cidade. A busca por pistas do desaparecido autor do livro que o fascina transformará Daniel em homem ao iniciá-lo no mundo do amor, do sexo e da literatura. 
Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei (Paulo Coelho)
Em toda história de amor sempre existe algo que nos aproxima da eternidade e da essência da vida, porque as histórias de amor encerram em si mesmas todos os segredos do mundo. Pilar é uma jovem do interior da Espanha com muitos sonhos frustrados. Quando um amigo de infância volta a entrar em contato, ela se surpreende ao descobrir que seu primeiro amor se tornou um líder religioso e é reverenciado como milagreiro. Ao se reencontrarem, porém, ambos são unidos por um único desejo: o de tornar seus sonhos realidade. Para isso, têm que vencer muitos obstáculos interiores, como o medo da entrega, a culpa e o preconceito. Numa peregrinação espiritual através das montanhas dos Pireneus, os amantes trilham o árduo caminho do reencontro com as próprias verdades. Neste livro Paulo Coelho nos oferece uma parábola sobre o amor que transcende todas as coisas. O romance é ao mesmo tempo uma lição de vida e um convite para seguirmos o verdadeiro caminho do coração e vencermos nossos medos.
Coraline (Niel Gaiman)
Coraline acaba de se mudar para um apartamento num prédio antigo. Seus vizinhos são velhinhos excêntricos e amáveis que não conseguem dizer seu nome do jeito certo, mas encorajam sua curiosidade e seu instinto de exploração. Em uma tarde chuvosa, consegue abrir uma porta na sala de visitas de casa que sempre estivera trancada e descobre um caminho para um misterioso apartamento 'vazio' no quarto andar do prédio. Para sua surpresa, o apartamento não tem nada de desabitado, e ela fica cara a cara com duas criaturas que afirmam ser seus 'outros' pais. Na verdade, aquele parece ser um 'outro' completo mundo mágico atrás da porta. Lá, há brinquedos incríveis e vizinhos que nunca falam seu nome errado. Porém a menina logo percebe que aquele mundo é tão mortal quanto encantador e que terá de usar toda a sua inteligência para derrotar seus adversários.
Além desses, quero continuar/começar as sequências de algumas histórias:

  • Harry Potter. Depois de ter passado umas semanas procurando na cidade toda o segundo volume e acabado pedindo-o pela internet, ainda não o li.
  • O Mochileiro das Galáxias. A escrita do Douglas Adams parece ser gostosa e ele aparenta abordar a sua história amplamente. Já tenho dois volumes, o suficiente para começar.
  • Os Heróis do Olimpo (também conhecido como continuação de Percy Jackson e Os Olimpianos), um caso enrolado e incerto. Demorei muito para terminar o primeiro volume e o segundo está ainda mais complicado de terminar, meu cérebro não aceita parar a série no meio do caminho (ainda mais no meio de um dos livros) mas, pior que isso, é concluí-la forçadamente, então muito provavelmente vão esperar mais uns meses.
  • Por último, temos As Crônicas de Gelo e Fogo com suas meras quase 600 páginas. Livros grandes são bons de empacamentos que duram meses. Comecei A Guerra dos Tronos há mais de um ano, li por uns dois meses e parei. Atualmente está tão enrolado quanto a segunda sequência do Percy Jackson.

Termino essa lista parafraseando a observação 3 da meta literária de 2015 da Beatriz: se as coisas forem dando errado na vida, ainda terei meus livros.

PS.: Lista passível de mudança, algo bem provável, todavia, pensei bem nos títulos aqui listados, o que diminui as chances.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Uns achados (de texto à vídeo)

Que escrita linda a Patrícia tem. Quando gosto do blog tenho o costume de ler desde as postagens mais antigas e, no caso dela, desde o blog antigo. E encontro, além de boas tirinhas (das quais falarei mais adiante), textos que inspiram a vida - como o livro dela. Esse é um texto carinhoso no qual ela fala sobre seus pais e sobre quando teve que sair de casa.
Mantra: ousemos perturbar, bem como respeitar, o silêncio, preenchendo-o com palavras. Boas palavras.
And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more
People talking without speaking
People hearing without listening
Conheci as tirinhas desses rapazes no antigo blog da Patrícia (a companhia da semana, na anterior foi o 5vlogueiros). São feitos com carinho tanto pelo desenho quanto pela temática, que te fazem pensar.





Outra descoberta da semana foi o amor por ler bons textos em bons blogs. É tão bom conhecer um blog novo, bem como um canal novo, e mergulhar nos arquivos para ler/assistir os antigos e passar a acompanhar.

Essa páginas possuem algo que acredito que os aplicativos exclusivos roubaram: a acessibilidade e a importância da mensagem. Basta ter internet e um meio como um celular ou um computador para acompanhar o que a pessoa tem a dizer. Uma rede social pode ser boa, mas tende a surgir outra na semana seguinte que faz a anterior ser esquecida (ainda bem que o twitter não foi esquecido). Nem todas as pessoas possuem Instagram e Snapchat, e deixam de ler os escritos de alguns blogs mais antigos porque os que escreviam migram para os aplicativos passageiros.

Meu espírito de idosa particularmente defende mais os sites e as redes sociais que se tem acesso mais facilmente, bastando a internet, do que algo mais privado. Todavia, é uma inovação que tem destacado pessoas da área da informática. Eis o paradoxo do desenvolvimento e o encurralamento do capitalismo.

Palavras e seus poderes

Eu quero paz

Quero pegar um sol
respirar um ar
suspirar de alívio
sorrir por um momento de alegria
e dormir a noite seguinte mais leve

Eu quero amar

Quero amar a vida
nem que seja no final
daquele dia difícil
e ver no rosto de quem me deu a vida
sorrisos sucessivos de satisfação

Eu quero conquistas

E, se preciso for, aceito sim os fracassos
desde que cada tropecinho me ajude
a enxergar melhor o horizonte quando levantar

Eu quero mais

Quero mais coragem e determinação
e, principalmente, sintonizar minhas palavras
com o Universo.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Pessoalmente falando sobre o ano que acaba...

...ou a segunda chance do mundo para todo o mundo

Querendo ou não o fim do ano chegou, restando menos de uma semana para o natal e mais uma para o ano novo, ou seja, hora pro mundo fazer as suas tantas retrospectivas literárias, pessoais, reflexões, melhores e piores, listas e mais listas.

Esse ano foi bem estranho. Depois de tanto tempo inclusa em uma bolha, da qual ainda não sai, de segurança e muita confusão - pense em uma pessoa indecisa e que pensa quase compulsivamente - vi mudanças de perto. E, sabendo que elas iriam começar a chegar, comecei a me desprender da rotina que vinha me acompanhando todo esse tempo. Não que rotina seja algo ruim, é bom e ainda estou buscando o equilíbrio. Mas estar sempre acostumado a mesma faz com que mudanças tragam um medo e uma ansiedade maiores do que o necessário.

Parar para pensar que nós somos uns seres no meio do Universo e que o tempo é algo único, contínuo e um presente constante que convencionamos dividir dessa maneira é tão perturbador quanto pensar que os recursos naturais estão esgotando e que temos a capacidade de ser intensamente estúpidos . De qualquer forma, esse é um momento que me preenche de uma forma confortável. Gosto das comidinhas de Natal, do clima que esse período possui, mesmo que os meus natais não tenham sido as coisas mais elaboradas do mundo. Reunir família e amigos nesse período, noites decoradas, boas conversas, filmes juntos, deve ser tudo de bom. Além de, ao menos nesses dias, podermos parar para pensar na nossa vida e em nós. É quando o mundo para para dar uma segunda chance a todo o mundo.

Mas vamos falar do ano. Em dois mil e quinze chegou o momento em que sairia da zona de conforto e agora eis a necessidade de despertar para a vida que agora é guiada por mim. Não há mais matrícula automática no fim do ano pra série seguinte. Vi as semanas voarem com tanta pressão e coisas para estudar, tendo plena consciência que esse ano foi uma prévia dos próximos. Sem querer tratar de assuntos pessoais, já tratando: cortei o cabelo quase no queixo (imagina um palmo de cabelo a menos), conclui o colégio, fiz as provas do vestibular, completei dezoito anos de muita indecisão e dei entrada na autoescola sem a menor noção de como vou conseguir dirigir.

Um adendo: admiro muito uma família equilibrada onde há muito amor e as pessoas conseguem viver em paz, tranquilidade e unidas. Não tem coisa mais linda que isso, mesmo com o que a vida me mostra, a nossa fragilidade e os bons tapas na cara que ela gosta de dar. Vida adulta é complicada e é bom saber logo disso antes de entrar nela.

Apesar disso, alguém querido falou algo que servia como um abraço em um momento difícil: nos dias em que a situação apertava e ele estava lá, nervoso, com sono e cansado, como todos, eu sorria. Simplesmente abria um bom sorriso em sua direção pra amenizar a sua agonia e a minha quando não havia mais paciência e terminávamos rindo entre uma aula e outra, um pouco mais leves. São essas pequeninas coisas que amenizam nossa dor. Pra tentar trazer um pouco de alegria e esperança, o que ultimamente tem tirado umas férias. Que sempre carreguemos esse sorriso que eu, sem perceber, entregava para esse amigo.

Aprendi que somos fortes e humanos, e é possível ser as duas coisas juntas. Às vezes enfrentamos um problema sem derramar uma lágrima. Outras só queremos nos esconder dentro de nós mesmos, sem falar nada e deixar as lagrimas rolarem. Vão existir dias em que teremos que nos encontrar com a nossa dor e a dor de quem é importante pra nós, e isso nos fará crescer (espero).

Li tão pouco esse ano. Brevemente falando sobre a literatura na minha vida decidi em um momento que iria ler mais. Procurar mais obras, comentários sobre elas e ler tanto por diversão, preencher os dias, a vida e a mim, quanto para ter mais exemplos de vida, de pensamentos e aprender. Admiro como a palavra pode mudar, transmitir, encantar.

Continuo, como creio que muitos, sem saber como será o próximo e os outros anos. Mas estamos aqui para viver assim, com mudanças e incertezas, certo? Certo. Nem tudo é possível planejar, listar, apesar de listas serem muitos importantes, mais importante é estar intimamente ligado a si mesmo. É isso que vai nos fazer levantar todos os dias e possuir cada um.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Preciso

Tem dias em que tudo o que você
precisa
é ter a janela fechada
e ouvir do lado de dentro
com a sua melhor companhia, a chuva
que escorre pela janela

Tem dias em que tudo o que você precisa
é de mais dias de silêncio
e ouvir e não escutar as tantas
que tantos
falam da boca pra fora
e respirar, e parar

Tem dias em que tudo o que você precisa
é atender ao pedido do seu âmago
de buscar a paz e não rebater
de sentir a ânsia do grito subindo o esôfago
e querendo que você jogue fora

E grite, externe, revele
Expire, respire, se faça um verbo

Grite a liberdade e externe
O medo
Do preso, da corrente

E supere e seja
E veja
No momento, liberte-se
Na sua paz, faça o seu mundo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Tinha alguém aqui

Ela se perguntava constantemente desde então:
cadê aquele arrepio que me percorria por dentro?
cadê a felicidade fluindo por todo o corpo?

Mas ainda lhe restavam sorrisos de outros que a faziam sonhar novamente e ter a coragem de levantar no domingo de manhã, na segunda de manhã e todos os outros dias. Que a fazia ter vontade de recolher os cacos do que um dia foi você e procurar a sua alma que saiu e só disse adeus.

Uma senhora avisou a menina que o sinal estava aberto e foi só nesse momento que se deu conta de verdade de que já havia acordado, trabalhado meio período e estava nas suas duas horinhas livre, fantasiando e divagando. Fez o pedido de sempre e sentou-se, observando quem passava e imaginando a vida de cada um.

Minhas canetas estão todas espalhadas pela casa e já não sinto mais o cheiro do cuzcuz cozinhando. Mas sinto insistentemente o aperto no peito, porém, diferente daquele que me fazia companhia aos quinze: aquele que descia e subia queimando o esôfago e a alma como um choro ácido indeciso entre sair ou continuar consigo. Esse me deixou.

Ela só queria um empurrão. Colocava a carcaça da coragem, uma coragem pequena, de iniciante, que no tempo cabia perfeitamente. Queria apenas que a cobrissem mais um pouco para que fosse adiante com seus planos feitos tão rapidamente, tão novos. Queria apenas que existisse alguém ali, porque existira um dia.

Bom... ao menos é no que ela supostamente acreditava e o que fazia sentido. E alguém que não essa maravilha que a vida nos proporciona de ser um ser, somente, uma pessoa e nada mais que uma pessoa. Mas mais que isso, uma pessoa se completando, alguém na busca eterna do Grande Talvez e percorrendo a estrada nessa direção.

E foi no último pedaço que o fluxo de pensamentos embaralhados começou a deixá-la tonta.

Ela cansou de ser um vazio completo.

Não existe gramática no mundo, mesmo não portuguesa, que não a deixa aflita.

Não há pôr do sol que a faça sorrir. Só uma capa completa de sono e falta, mesmo tendo tudo.

Aceitação demais?

Tinha alguém aqui, mas essa pessoa resolveu me abandonar apagando a chama que ainda estava acesa na esperança de encontrar todos os objetos designados na busca. As pequeninas coisas a deixavam feliz, só deixem que essas pequenas coisas existam.

Na saída da cafeteria a guria sorriu pra moça do caixa e desejou-lhe com palavras um bom dia. Nada como mais um.

Presente, Agora, como quiser chamar

Pense sempre positivamente. Não tem coisa pior que passar por tantos momentos mais difíceis e ter isso nos afetando intensamente. Um sorriso no rosto - como já falei várias vezes - vale muito e transforma um dia ruim com a positividade de, no início da noite, sentar e ver um bom filme ou fazer algo que te deixe feliz e te faça sentir aquele calafrio de felicidade por dentro.

Pense sempre no presente. Se martirizar por coisas passadas ou viver sempre em função de um futuro que não é nada mais que resultado do instante em que você está lendo isso aqui, além de causar transtornos de ansiedade como síndrome do pânico, agorafobia e transtorno de ansiedade generalizada, impede de estar feliz.

Não há felicidade constante e inabalável porque somos humanos e temos nossos momentos específicos ao longo da vida, todos importantes, mas há alguns períodos em que nada nos tira a alegria e a serenidade, e esses são preciosos para suportar os mais complicados.

Existem mensagens que devem ser lidas, relidas, devem ser uma iluminação na primeira leitura, repensadas depois, e, às vezes, subitamente apenas aparecer no nosso dia porque são coisas simples, mas que fazem uma diferença enorme e devem ser bem armazenadas na nossa memória.
Para o sábio toda culpa é um estado em que estamos perdidos no passado.
Toda ansiedade é um estado em que estamos perdidos no futuro.
O passado enquanto memória não o empurra, e o futuro enquanto expectativa não o puxa.
Seu presente inclui o passado e o futuro e não existe nada fora dele que não possa exercer um puxão ou empurrão.
Ele claramente não está dentro do tempo, pois todo o tempo está nele.
Autor desconhecido, fonte Camile Carvalho

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Cultivo

"O tempo é cortado em retalhos pra que a gente possa costurar só aqueles que nos fazem bem."
Trecho de Seu Moço, Patrícia Pirota.

Escrever é um suspiro. Às vezes é gritar aquilo que estava guardado. É expressar pro mundo o que rodopia dentro de você, em verso, em prosa, em linhas desorientadas buscando aliviar as intempéries do mundo e das pessoas - sejam elas próximas de ti ou não.

Nem preciso comentar os acontecimentos das últimas semanas no mundo. E existem momentos em que seguimos nossas vidas normalmente devido à "distância" que possuímos daquele lugar, porém, não daquela situação. São vidas envolvidas e quando olhamos pras nossas e pros nossos problemas, principalmente quando eles são grandes, é possível perceber o quanto um problema grande e significativo pode nos afetar, pode mudar nosso dia, nossa visão das pessoas e do mundo, e nos fazer chorar.

Os últimos escritos que coloquei aqui falavam disso: da visão do mundo, do preenchimento de nós mesmos e da nossa vida. Um entardecer visto do alto pode ser a coisa mais bela, um amanhecer com quem você ama pode ser a coisa mais tranquilizadora. Um abraço e um sorriso sincero salvam uma semana...

Mas não podemos deixar de notar que existem indivíduos que vivem para transmitir rancor, que cultivam a ausência de harmonia, a falta de sorriso, a raiva constante com tudo e com todos e tornam qualquer ambiente desconfortável. São essas pessoas com as quais temos que conviver muitas das vezes e que tentam deixar cinza o nosso pôr do sol, fazendo rolar as lágrimas presas.

Esses dias estava relembrando sem ser proposital um período da vida onde não notava tão claro problemas de outras pessoas ao redor que poderiam me influenciar e o quanto, hoje, esse período foi significativo pra mim por quem estava nele, pelo ambiente onde eu estava - as aulas na escola, os professores e nossas conversas, o dia da semana em que havia contra-turno e passava praticamente o dia no colégio e era a coisa mais incrível. Hoje olho e sinto saudade de gente que estava comigo nessa época e hoje está longe (professoras queridas Rejane e Graciene). Eis a questão: o hoje pode ser visto dessa mesma forma, como um incômodo hoje que amanhã se torna uma boa lembrança por coisas pequenas que estiveram ali como um pôr do sol, uma companhia, um livro, uma pessoa de exemplo.
Seu Moço,
[...]
Descubra o que te faz bem, e encha sua vida disso.
Assim, sem perceber, o escuro vai ficando pequeno, e você já não cabe mais nele.
Ilumine-se com um sorriso por vez.
Paciência é uma necessidade, pequeno gafanhoto. 
Quando espiamos fora da nossa caixinha essas coisas acontecem. Escrevemos o que não imaginamos que sairia, reconhecemos momentos e notamos: o que nos inspira, o que nos faz sorrir, o que nos faz sentir uma alegria interior.

Minha mãe e meu irmão, minhas bases, meu porto seguro. A Tati Feltrin e seus vídeos de literatura me inspiram, a Bárbara Matsuda que me fez ver a leitura de uma forma mais descontraída e, junto com a Tati, conhecer as bandas que ouço nesses anos; o Cadê a Chave? que me faz sorrir; os livros que li quando criança, as aulas no colégio, as conversas com os professores, o Labirinto do Fauno, a Terra-Média e a primeira viagem que fiz são recordações que guardo e que confortam esse coração. As boas mensagens que o Seu Moço e a Patrícia Pirota transmitem me lembram que a vida vale à pena.

Infelizmente existem aqueles que plantam desgosto, que entregam suas vidas por atitudes alheias e não cultivam palavras de carinho, amor e paz, mas palavras ofensivas e agressivas. Essas pessoas não merecem a nossa atenção porque é isso que elas querem e é disso que precisam, não merecem nosso tempo ouvindo e dando importância pra essas palavras que mereciam estar no lixo.

Mas que nós não nos esqueçamos: uma ida ao cinema, ao teatro, uma conversa, um abraço, um sorriso sincero, essas coisas em boas companhias são o que fazem tudo isso mais bonito. Às vezes só fazer o outro feliz deixa o nosso dia melhor. Existe um universo dentro de cada mente, de cada pessoa, que não pode ser esquecido, nem confundido com um abismo.


Trechos citados e foto: livro (belo) Seu Moço, da Patrícia Pirota.

Sound Of Silence



Ninguém ousou
Perturbar o som do silêncio...

domingo, 13 de dezembro de 2015

Um poema no meio do Brasil

Nesse ano que está terminando me inscrevi no Concurso Nacional Novos Poetas. Foram 3.012 inscritos e 250 classificados. Esses tiveram seus poemas publicados, pela editora Vivara, na Antologia Poética, Prêmio Sarau Brasil 2015, e eis que alguém apareceu na lista...


...mais especificamente na página 33 do livro com o poema Posso, que não se encontra aqui, mas está no Recanto das Letras.

Apesar de não estar escrevendo tantos poemas ultimamente - parece que estou conseguindo voltar a escrever em prosa - é bom ver uma coisa que você fez conquistar algo assim. A palavra é um suspiro e uma luz no meio dessa vida.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Enjoy

Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em quanto será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para a frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente.
Quem é você, Alasca?
Cada instante é aquele único instante e nada mais. Toda a nossa existência se baseia em "agoras", no presente sempre constante, na criação de outras divisões: do passado atormentador e da ansiedade com o futuro. Na relatividade do tempo que um adolescente possui demorou, mas completei os dezessete anos em um piscar de olhos e no próximo já tinha feito dezoito, realizado as provas do vestibular, provado vinho e concluído o colégio.

Existe a maior infinidade de personalidades, umas vivem o carpe diem enquanto outras são mais regradas, e consegui colocar essas duas variações em pouco tempo em mim, no fundo na minha filosofia de não deixar passar oportunidades para poder emitir opinião através da vivência e encontrar as situações que me deixavam confortável. Enquanto isso, um manto surgiu repetindo que eu não podia errar. E repetindo que podia ter feito melhor, podia ter tido mais foco, gastado menos tempo com horas a fio vendo fotografias no Tumblr e lendo esporadicamente. Podia ter feito mais com o tempo ou simplesmente nada, apenas senti-lo com um chá, café, qualquer coisa. Ele, o tempo, me atormentava, me perseguia, cada minuto que passava no relógio do microondas. Eu podia ter visto mais filmes e pesquisado mais sobre cinema. Passei a tentar consertar algum erro perdido ali atrás e me perdendo ainda mais.
Seu Moço,
Às vezes, quando pensamos que estamos perdidos, é porque encontramos quem realmente somos.
E, de tão estranhos, não nos reconhecemos. 
Patrícia Pirota 
E passou, apesar de ainda nova e de não querer ficar remoendo a pasagem do tempo, insisto em olhar para trás e achar que houve tanto tempo perdido e desperdiçado gasto à toa, sem investimento, na espera de algo que até hoje não sei o que é.

Acredito na importância e no valor que cada período possui, justamente por isso a gente faz como o Seu Moço: pega o medo, a insegurança e o futuro branco e incerto, coloca no bolso e vai em frente. Ainda há tempo. Não fiz/estou fazendo terapia como a Beatriz, mas sinto a mesma necessidade de crescer e, infelizmente, a ansiedade foi o que me acompanhou até aqui, na espera de um amanhã esquecendo de que faço ele agora e de dar mais atenção a minha construção. Você anseia, anseia, pensa compulsivamente e só. Por enquanto, minha terapia é um caderno todo rabiscado de pensamentos.

Só não vamos dar passos para trás. Atenda a esse pedido desesperado de escrever o que surge repentinamente, ouça o seu corpo, converse com ele, e siga sua mente. Olhe para a frente sem tentar repetir o que fez com tamanha perfeição que colocou na sua cabeça existir e não mais conseguir repetir. Mantenha a coluna ereta, a mente aberta, calma, tranquila, se permita sonhar, e viver os momentos sem pressioná-los. Nem tudo é traçado em uma lista. Agora é a hora de sonhar, arriscar e ler o que eu queria ter lido, e ver o que eu queria ter visto, e ir atrás de mim. Menina, você consegue.


A propósito, esse texto da Beatriz (novamente ela, porque estou em um caso de amor com o deixa molhar) diz muito sobre o que tentei escrever nessa confusão aqui.