quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Cultivo

"O tempo é cortado em retalhos pra que a gente possa costurar só aqueles que nos fazem bem."
Trecho de Seu Moço, Patrícia Pirota.

Escrever é um suspiro. Às vezes é gritar aquilo que estava guardado. É expressar pro mundo o que rodopia dentro de você, em verso, em prosa, em linhas desorientadas buscando aliviar as intempéries do mundo e das pessoas - sejam elas próximas de ti ou não.

Nem preciso comentar os acontecimentos das últimas semanas no mundo. E existem momentos em que seguimos nossas vidas normalmente devido à "distância" que possuímos daquele lugar, porém, não daquela situação. São vidas envolvidas e quando olhamos pras nossas e pros nossos problemas, principalmente quando eles são grandes, é possível perceber o quanto um problema grande e significativo pode nos afetar, pode mudar nosso dia, nossa visão das pessoas e do mundo, e nos fazer chorar.

Os últimos escritos que coloquei aqui falavam disso: da visão do mundo, do preenchimento de nós mesmos e da nossa vida. Um entardecer visto do alto pode ser a coisa mais bela, um amanhecer com quem você ama pode ser a coisa mais tranquilizadora. Um abraço e um sorriso sincero salvam uma semana...

Mas não podemos deixar de notar que existem indivíduos que vivem para transmitir rancor, que cultivam a ausência de harmonia, a falta de sorriso, a raiva constante com tudo e com todos e tornam qualquer ambiente desconfortável. São essas pessoas com as quais temos que conviver muitas das vezes e que tentam deixar cinza o nosso pôr do sol, fazendo rolar as lágrimas presas.

Esses dias estava relembrando sem ser proposital um período da vida onde não notava tão claro problemas de outras pessoas ao redor que poderiam me influenciar e o quanto, hoje, esse período foi significativo pra mim por quem estava nele, pelo ambiente onde eu estava - as aulas na escola, os professores e nossas conversas, o dia da semana em que havia contra-turno e passava praticamente o dia no colégio e era a coisa mais incrível. Hoje olho e sinto saudade de gente que estava comigo nessa época e hoje está longe (professoras queridas Rejane e Graciene). Eis a questão: o hoje pode ser visto dessa mesma forma, como um incômodo hoje que amanhã se torna uma boa lembrança por coisas pequenas que estiveram ali como um pôr do sol, uma companhia, um livro, uma pessoa de exemplo.
Seu Moço,
[...]
Descubra o que te faz bem, e encha sua vida disso.
Assim, sem perceber, o escuro vai ficando pequeno, e você já não cabe mais nele.
Ilumine-se com um sorriso por vez.
Paciência é uma necessidade, pequeno gafanhoto. 
Quando espiamos fora da nossa caixinha essas coisas acontecem. Escrevemos o que não imaginamos que sairia, reconhecemos momentos e notamos: o que nos inspira, o que nos faz sorrir, o que nos faz sentir uma alegria interior.

Minha mãe e meu irmão, minhas bases, meu porto seguro. A Tati Feltrin e seus vídeos de literatura me inspiram, a Bárbara Matsuda que me fez ver a leitura de uma forma mais descontraída e, junto com a Tati, conhecer as bandas que ouço nesses anos; o Cadê a Chave? que me faz sorrir; os livros que li quando criança, as aulas no colégio, as conversas com os professores, o Labirinto do Fauno, a Terra-Média e a primeira viagem que fiz são recordações que guardo e que confortam esse coração. As boas mensagens que o Seu Moço e a Patrícia Pirota transmitem me lembram que a vida vale à pena.

Infelizmente existem aqueles que plantam desgosto, que entregam suas vidas por atitudes alheias e não cultivam palavras de carinho, amor e paz, mas palavras ofensivas e agressivas. Essas pessoas não merecem a nossa atenção porque é isso que elas querem e é disso que precisam, não merecem nosso tempo ouvindo e dando importância pra essas palavras que mereciam estar no lixo.

Mas que nós não nos esqueçamos: uma ida ao cinema, ao teatro, uma conversa, um abraço, um sorriso sincero, essas coisas em boas companhias são o que fazem tudo isso mais bonito. Às vezes só fazer o outro feliz deixa o nosso dia melhor. Existe um universo dentro de cada mente, de cada pessoa, que não pode ser esquecido, nem confundido com um abismo.


Trechos citados e foto: livro (belo) Seu Moço, da Patrícia Pirota.

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