segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A responsabilidade de preencher os dias - ou carpe diem

A vida em si é melancólica e triste. Nascemos com uma caneta e uma folha sem número de linhas e extensão determinada onde temos que escrevê-la. Nos tornamos depois dos primeiros anos responsáveis por preencher todo esse período, que pode ser tanto entediante quanto uma montanha-russa ou ainda um festival na praia com tudo o que tem direito.

Uma noite de frente pro mar sentindo a brisa, ouvindo o som das ondas e vendo as estrelas e a lua: uma coisa a preencher.

Enfrentar a morte de alguém querido ou um problema de saúde: uma coisa que queríamos esquecer para sempre e muitas vezes nesses momentos desejamos não ter nascido.

Mas existem pequenos períodos que não são tão extremos assim, nos perseguem sempre e tem a mesma importância: os dias comuns. Aquele dia, teoricamente "como qualquer outro", em que você tinha apenas a escola ou o trabalho, as pendências para estudar, os filhos esperando atenção. Alguns instantes queremos apenas ir àquela praia e nos encontrar conosco e preencher com mais que rotinas e situações de ápice - que podem não ser tantas - ou de vale, mas vivendo um dia de cada vez como todos devem ser vividos: intensa, integra e sinceramente.

Vendo todos os dias com a mesma proporção, no sentido de aproveitá-lo - e ao mesmo tempo fazer algo para projetos futuros, sem se prender somente nem ao presente nem ao depois - podemos enxergar uma extensão maior, ainda mais se ver como uma sequência só, não divididas nos mínimos segundos e dias. O DIA é algo tão delimitado, entardeceres e amanheceres são como linhas de corte.

Preencher esse espaço que agora parece tão longo e possível de ser completado com tantas coisas parece uma tarefa difícil demais e que nos transmite toda a responsabilidade de fazer acontecer, sem ser possível somente reclamar das faltas culpando outros. E por isso tantas são as vezes em que vivemos dias em função de sonhos que, quando se realizam, não os deixam mais felizes. É você quem ajusta a luz do modo que deseja, é você que escolhe o que comer, onde dormir, o que fazer. E, felizmente, é você quem escolhe o que fazer da vida. Mas o que raios fazer da vida? pra sentir pulsar em si e se sentir vivo, completo, ou mesmo nos vazios que aparecem por aí mas sentir que é você ali.

PS.: Passamos todo um período escolhendo uma profissão sendo que o sentido está além dessa simples escolha (ao mesmo tempo que está intimamente ligado à ela). Está nas pessoas, nas convivências, nas realizações pessoais. Há um infinito no nosso interior a ser construído, explorado, e é ele a nossa vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário