sexta-feira, 31 de julho de 2015

Amarras

Nós mesmos nos aprisionamos.

Delimitamos nossas capacidades, nossos almejamentos, até mesmo nossa vontade fica abalada pela perspectiva de quão longe está ou quão difícil será. E o cansaço de cada dia, dos seus trabalhos, complementa isso.

Nos limitamos, impomos correntes e passamos o cadeado: pras nossas ideais, pros nossos tempos livres, pra nossa imaginação. E assim levamos com a barriga toda uma vida de empurrões. De começos sem um término concreto ou simplesmente sem uma conclusão significativa. Fica ali, pairando entre as milhares de ideias, de planejamentos, de aprisionamentos estabelecidos em áreas onde poderiam não ocorrer. Ou de vontades descartadas na sua lixeira aí ao lado.

São tantas metades inacabadas.

São tantas história começadas, rascunhos nas gavetas, no caderno, na alma. Ausência de objetivos completos que completem a você. Que o façam acordar todos os dias, calçar os chinelos e escrever a redação do jornal do dia ou atender seus poucos pacientes que pagam uma fortuna pela sua consulta. Cada qual com seus meios, seus receios, sua poesia de vida. Ou cada qual com a falta dela com valores que incluem o super-consumismo, o autoflagelamento ou o abandonamento de si mesmo.

Alguém em uma escrivaninha escreve entre o abstrato e o concreto pra mostrar que ambos se complementam e que o que faz as calçadas, os carros e o seu dinheiro, ou seja, a sua realidade, é abstrato e só existe porque algo concreto cedeu lugar à poesia de desenhar com linhas imaginárias o sentido mais real pra cada detalhe que passa pelo seu dia.

Sem título

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